Druso está em pleno trabalho, sendo informado pelos funcionários de problemas detectados, desde interno com loucura por telepatia alucinatória, expedições de pesquisas em dificuldades nos desfiladeiros das Grandes Trevas, a um caso de comprometimento de reencarnação por que a futura mãe se recusava a receber o reencarnante.
Druso explica como funciona a administração local e que aqueles casos só foram trazidos a eles após os responsáveis terem movimentado todas as providências cabíveis em seus âmbitos de responsabilidade.
Mais especialmente, Druso fala do caso de reencarnação, entrando no conceito de reencarnação ligada aos planos inferiores. Nessas reencarnações, as consciências culpadas contam com os recursos de misericórdia, desde que se mostrem dignos do socorro que lhes abrevie o resgate e a regeneração. Esses recursos são mobilizados pelos representantes do Amor Divino.
Druso explica que a Mansão da Paz, em muitas ocasiões, planeja e executa esses empreendimentos, mediante a atuação de benfeitores credenciados para agir e atuar em nome do Senhor. O dirigente da Mansão da Paz, porém, é simples intermediário das decisões dos planos de luz, mantendo reuniões (por meios adequados) duas vezes por semana com os mensageiros da luz, prepostos das inteligências angélicas.
Interessante que Druso se refere à existência do inferno, na Espiritualidade, em função da culpa nas consciências. Vale citar a fala de Druso:
“Assim como o doente exige remédio, reclamamos a purgação espiritual, a fim de nos habilitarmos para a vida nas esferas superiores. O inferno para a alma que o erigiu em si mesma é aquilo que a forja constitui para o metal: ali ele se apura e se modela convenientemente...”
Em seguida, acorrem todos para a Agulha de Vigilância, para observar ataque das trevas. Lembremos que a Mansão da Paz está encravada no umbral, em região escura e de sofrimento. Os seres daquela região possuem armamento que lembram nossos canhões de bombardeio eletrônico, “suscetíveis de conduzir-nos à ruína total”. Se atingissem os doentes, provocariam crises de pavor e loucura. Mas a Mansão tem barreiras de exaustão eficientes, hastes metálicas que funcionam como para-raios, atraindo o bombardeio e descarregando-os no solo, inofensivamente. Druso conta que os bombardeios são incessantes e enfatiza:
“...temos aprendido nesta Mansão que a paz não é conquista da inércia, mas sim fruto do equilíbrio entre a fé no Poder Divino e a confiança em nós mesmos, no serviço pela vitória do bem.”
Acalmado o bombardeio, Druso segue em visita a um doente recolhido na noite anterior, em leito situado em sala simples, onde predominava um azul repousante. O homem estava disforme, respirando apenas. Apresentava hipertrofia, com braços e pernas enormes. Porém, a mais impressionante distrofia estava em sua cabeça, com aumento volumétrico, confusão de todos os traços, parecendo “uma esfera estranha, a guisa de cabeça”.
Ante o espanto de André Luiz, Druso observou aquilo que lhe era bem claro: a pessoa havia desencarnado sob terrível subjugação, não podendo sequer recorrer à ajuda disponibilizada pelas caridosas legiões que operam nos túmulos.
Adiantou que o doente se encontrava sob terrível hipnose, conduzida por adversários temíveis, que lhe fixaram a mente em penosas recordações, como forma de tortura. Druso mencionou a justiça de Deus, lembrando que “não se ergue o espinheiro do sofrimento sem as raízes da culpa”.
Após a aplicação de passes magnéticos, o doente ficou à beira da vigília, sem total consciência, pois Druso explicou que a plena consciência poderia levá-lo a deplorável crise de loucura, com graves conseqüências. Poderia conversar, porém, permitindo o conhecimento do problema crucial.
Confessava-se criminoso, crendo-se diante de um Juiz. Contou sua estória, simples e terrível: juntamente com dois irmãos, herdou considerável fortuna quando da morte de seu pai. Mas começou a ver seus irmãos como empecilhos a seus planos de condução dos bens e armou um plano para assassiná-los, que executou fielmente: deu-lhes entorpecente para beber no licor e saiu em passeio de barco com ambos. No ponto mais fundo do lago, fez virar o barco e os irmãos se afogaram gritando diante de seus olhos. Nadou para terra, lamentou-se muito de tudo e se tornou único herdeiro dos bens. Procurou sufocar a consciência, casou-se, teve um filho e quis gozar de sua fortuna. Sua mulher afogou-se no mesmo lago. Quando ele desencarnou, encontrou os irmãos com muito ódio, transformados em vingadores. Espancaram-no, flagelaram-no por muito tempo. Por fim, talvez cansados, conduziram-no a tenebrosa furna, onde foram-lhe infligidas as deformações que apresentava. Sua mente foi fixada no barco, ouvindo os gritos das vítimas, que soluçam e gargalham ao mesmo tempo.
Já havia elementos para possibilitar o início do socorro. Mas Druso teve sua atenção voltada para a chegada de caravana de recém-desencarnados.
Resumo : Irene Dias S. Cavezzale
Resumo : Irene Dias S. Cavezzale